Ministra Cármen Lúcia abre as portas do STF para 55 crianças e adolescentes de instituições de acolhimento
De acordo com o juiz Renato Scussel, há 386 crianças e adolescentes vivendo em 17 instituições de acolhimento no Distrito Federal. Vítimas de maus tratos, violência e abuso sexual, eles são afastados provisoriamente do convívio da família até que a situação de risco seja solucionada. O juiz explicou que o vício dos pais em crack é um dos problemas mais recorrentes. A prioridade é fazer com que eles voltem ao convívio da família, ou vivam com parentes próximos. Só em último caso são encaminhados para adoção.
O juiz Scussel afirmou que o convite feito pela ministra Cármen Lúcia à Vara da Infância e da Juventude para que trouxesse as crianças ao STF demonstra sua preocupação em dar efetividade ao artigo 227 da Constituição Federal, segundo o qual é dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à educação além de colocá-las a salvo de toda forma de negligência, discriminação, violência e opressão.
“Esse gesto simples, mas de grande significado, de abrir as portas do Supremo às crianças e aos adolescentes em situação de acolhimento neste dia especial traz vida, traz cor, humaniza as Casas de Justiça, os espaços onde nós decidimos os litígios, e sinaliza para todo o Poder Judiciário e para a sociedade que cuidar deles é nosso dever”, afirmou o magistrado.
Adoção
O excesso de burocracia nos processos de adoção foi apontado pelo juiz Scussel como um dos entraves para que as crianças e adolescentes sejam acolhidos por uma nova família. O problema já foi levado à ministra Cármen Lúcia que, na qualidade de presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), iniciou um levantamento para detectar as dificuldades existentes para que processos de adoção sejam feitos de maneira mais rápida, mas com segurança. Esse levantamento também vai mostrar quantas crianças estão disponíveis para adoção e quantos são os interessados em adotá-las.
“Eu acho que o CNJ, com o cadastro de adoção, intensificando esses debates sobre o que é preciso fazer, pode contribuir muito. Os juízes que aqui estavam dizem exatamente isso: que há uma burocracia excessiva, sendo que há muitas famílias buscando a adoção e essas crianças querendo, como elas mesmas me disseram, ter uma família. Então eu acho que nós temos que trabalhar nesse sentido, fortalecendo o cadastro, verificando qual é o fluxograma do processo de adoção com os juízes da Infância e da Juventude”, afirmou a ministra.
Descontração
Sentada no chão com as crianças, a ministra Cármen Lúcia se divertiu com um garotinho de seis anos que quis saber a idade dela. “Eu tenho seis anos e você tem quanto ?”. A ministra respondeu: “ih, eu já passei dos 60!”. Assustado o menininho respondeu: “nossa, você vai morrer logo ?”. Ao contar detalhes do diálogo para os jornalistas, a ministra Cármen Lúcia admitiu: “para quem tem seis anos, 60 é mesmo uma eternidade !”.
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